quarta-feira, 22 de junho de 2011

Super-Homem

Palavra inventada pelo filósofo germânico Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), para caracterizar um ser humano hipotético, capaz de altas conquistas morais e intelectuais. Ser que, segundo Nietzsche, poderia resultar de uma rigorosa seleção dos tipos normais existentes na Alemanha. A palavra alemã, übermensch, passou em tradução para as outras línguas. E em 1903, o dramaturgo inglês George Bernard Shaw contribui para popularizá-la em sua peça "Man and Superman" (Homem e Super-Homem). A popularidade do termo deu origem a várias outras combinações, entre as quais a mais comum, hoje, é a de super-bomba, para designar a bomba H. E deu origem, ainda, ao Superman, das histórias de quadrinhos, ou comic-strips, criado pelos desenhistas Jerry Siegel e Joe Shuster, a partir de 1938, no "Action Comics Magazine", nessas histórias, o repórter Clark Kent se transforma numa espécie de justiceiro ou de invencível homem de amanhã, intervindo nas situações perigosas, no último instante, como um deus. Com força sobre-humana, ele consegue ver e ouvir através das paredes, derrotando sempre os inimigos com seus músculos incomparáveis. Satirizando essa história, apareceu depois o Supermouse (super-camundongo), que é um ratinho invencível.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Tal pai, tal filho

Provérbio que tende a demonstrar que os filhos em geral reproduzem as qualidades e os defeitos paternos. É tão antigo que já aparece na estância XXVIII do terceiro canto de "Os Lusíadas", em que Camões procura demonstrar  que D. Afonso Henriques herdara as qualidades de bravura de seu pai, o conde D. Henrique, participante da Cruzada de Godofredo de Bulhão: "Ficava o filho em tenra mocidade, em quem o pai deixava seu traslado, que do mundo os mais fortes igualava, que de tal pai tal filho se esperava." Há o mesmo provérbio em francês: "Tel père, tel fils" - é repetido em vários outros provérbios. Por exemplo: Quem sai aos seus, não degenera; Filho de peixe, peixinho é; Filho de peixe sabe nadar; Filho de gata, ratos mata, etc. Simões Lopes Neto cita nos "Contos Gauchescos" esta forma: Filho de tigre é pintado.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Fazer lambança

Esta locução, de origem portuguesa, tem vários significados. O primitivo era o de preparar um prato à custa do esforço alheio. O vocábulo lambança, segundo Caldas Aulete, designa coisa que se pode lamber ou comer. Existe, em Portugal provérbio que diz: Muita chança e pouca lambança, isto é, muita vaidade e barriga vazia, ou muita prosa e poucos haveres. Entretanto, no Brasil, adquiriu o sentido de desordem, espalhafato, confusão. É o que se deduz desta passagem das "Memórias", do Visconde de Taunay: "Uma feita, queria um capitão obrigar-me a cortar os cabelos à escovinha. Recorri ao primeiro comandante e fiz-lhe ver que razoavelmente já mandava aparar o que podia parecer estranhável à severidade disciplinar. O capitão lambança (assim o chamávamos pelos hábitos de espalhafato e gritaria) me acompanhara perante o Polidoro." Por seu lado, Raul Pederneiras, em "Geringonça Carioca", registra lambança como sinônimo de trapaça no jogo. Ultimamente, a palavra lambanceiros tem sido usada para caracterizar os pescadores furtivos que invadem os currais de pesca alheios, a fim de se apoderarem dos peixes neles retidos por diligência de terceiros. Está sendo, assim, restituído à locução o primitivo sentido.

sábado, 18 de junho de 2011

Pôr as manguinhas de fora

Tem o mesmo sentido de pôr as unhas de fora, ou revelar, subitamente, intenção abusiva ou imprevista. Rui Barbosa, em artigo em "A Imprensa", em 23/01/1899, condenando violências policiais, escreveu: "Também nunca o arbítrio oficial, aproveitando a complacência dos órgãos da opinião, se mostrou mais resoluto em pôr as manguinhas de fora". José Lins do Rêgo, no romance "Pedra Bonita", escreveu: "O juiz andava botando as manguinhas de fora desmoralizando a justiça". João Ribeiro mostra, em "Frases feitas", que no século XVIII já se usava, em Portugal, expressão semelhante: pôr (ou botar) as mãozinhas (ou as manitas) de fora. Entretanto, procura para tal dito uma explicação aceitável e que inverteria o seu sentido: a de que a expressão teria origem no conto infantil de João e Maria, em que a velha feiticeira mandava que as crianças lhe dessem a apalpar os dedos, para verificar se estavam gordos e bons para as crianças serem devoradas.

Obs.: complacente (tolerante)
         resoluto (afoito, corajoso)

De corpo e alma

É o mesmo que dizer sem nenhuma reserva de atos ou de sentimentos, com dedicação total, com fervor completo. É uma expressão comum a vários povos. Os franceses dizem Corp et âme. Os ingleses, With heart and soul. Os alemães, Mit Leib und Seele. Os espanhóis, En cuerpo y alma.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O.K. ou Okey

Expressão norte americana de sentido afirmativo. Equivale a dizer que tudo está bem. Segundo alguns filólogos, tal expressão deriva do dialeto dos índios da tribo dos Chotaw, em que a palavra oke - convertida pelos brancos em okey - significa: assim é. Quando o presidente Andrew Jackson, que era sabidamente homem de poucas letras, fazia sua campanha eleitoral, em 1828, seus adversários criaram a versão de que fora ele o criador de O.K., mas como abreviação das palavras all correct, as quais, na sua pobre ortografia, teriam este estranhíssimo aspecto: orl korrect. A sátira fez rir os estados Unidos nessa época. E isso bem demonstra quanto  é antiga a locução, que tem hoje curso internacional.

Obs.: Filólogo: especialista em Filologia.
          Filologia: ciência que estuda a língua, a literatura e a cultura de um povo.

Matar a galinha dos ovos de ouro

Agir com precipitação, imprudência ou impaciência, extinguindo uma fonte de renda constante no afã de extrair resultados imediatos. A expressão é baseada em uma história do folclore europeu sobre uma gansa que, em sua primeira postura, pôs um ovo de ouro. O dono, estúpido e avarento, em vez de esperar novos ovos, matou-a para extrair logo o que havia dentro dela. Nas adaptações para o português, a gansa passou a ser uma galinha, ave mais popular no Brasil. Há muitas variações dessa história, envolvendo vários outros animais. Uma delas é a gansa das penas de ouro, narrada pelos famoso irmãos Jacob e Wilhelm Grimm.

Escapar de boa

É o mesmo que escapar de uma boa cilada, uma boa traição, uma boa manobra armada pelos inimigos. A locução é das mais curiosas, porque, além da forma elíptica, a palavra "boa" nela aparece com um sentido antitético, semelhante ao que tem na expressão uma boa bisca, aplicada às pessoas de má conduta ou péssimo caráter. Em francês há uma expressão equivalente: échapper belle, usada, entre outros por Molière, em uma de suas passagens de "Les Femmes Savantes" (As Sabichonas): "Nous l'avons, en dormant, Madame, échappé belle" (Enquanto dormíamos, senhora, escapamos de boa). Com parte desse verso molieresco, Machado de Assis abriu na "Ilustração Brasileira" a crônica do dia 15/11/1876, sobre boatos de que o General Osório ia chefiar uma revolução republicana: "Nous l'avons échappé belle! Digo isto em francês porque as revoluções são produtos essencialmente franceses e nós escapamos de uma revolução." Circula, em língua portuguesa, um adágio (provérbio) com a mesma forma elíptica daquela locução: Quem de uma escapa, cem anos vive. Uma, no caso, pode ser tanto uma cilada dos homens como do destino ou da morte, através de acidentes, doenças graves, etc.

Obs.: Sentido antitético (Antítese): é uma das mais conhecidas e usadas figuras de linguagem da língua portuguesa que consiste na exposição de ideias opostas.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Amigo da Onça

Ser amigo da onça é ser um amigo hipócrita, inconveniente, maldoso ou desastrado. A expressão nasce da história de um caçador mentiroso, que dizia que, sem armas, fora acuado por enorme onça, de encontro a uma rocha, ao lado da qual não havia uma árvore, em que pudesse subir, nem um pau ou pedra com que pudesse se defender. Contudo, escapara, dando um grito tão grande que a onça fugira em pânico. Uma pessoa presente declarou que isso não poderia ser verdade e que, nas condições descritas, ele teria sido inevitavelmente devorado. Então, veio a pergunta indignada do mentiroso: Afinal, você é meu amigo, ou amigo da onça? Daí partiu o caricaturista Péricles para a criação de um tipo cômico, o Amigo da Onça, popularizado nas páginas de "O Cruzeiro".

Ao Deus dará

Locução surgida de uma resposta tradicionalmente dada pelos homens de coração duro aos que estendiam a mão à caridade pública. Ao rogo: "Uma esmolinha, pelo amor de Deus" - esses espíritos pouco caritativos respondiam invariavelmente "Deus dará", depois transformada em "Deus o favoreça." Os autores portugueses Gomes Monteiro e Costa Leão, em "A Vida Misteriosa das Palavras", dizem que, no século XVII, viveu em Recife um negociante português que, de tanto proferir aquelas duas palavras, teve o seu nome acrescentado para manuel Álvares Deus Dará, com o que não se irritou e, antes, por benefício real, pode usar a alcunha (apelido dado a alguém) como "apelido d' armas". O nome passou aos seus descendentes. Seu filho, Simão Álvares Deus Dará, exerceu o cargo de provedor-mor da Fazenda do Brasil. Estar ao Deus dará é estar na penúria, em desoladora miséria, entregue à sorte, sem nenhuma ajuda terrena e apenas com a problemática proteção celestial.