sexta-feira, 3 de junho de 2011

Escapar de boa

É o mesmo que escapar de uma boa cilada, uma boa traição, uma boa manobra armada pelos inimigos. A locução é das mais curiosas, porque, além da forma elíptica, a palavra "boa" nela aparece com um sentido antitético, semelhante ao que tem na expressão uma boa bisca, aplicada às pessoas de má conduta ou péssimo caráter. Em francês há uma expressão equivalente: échapper belle, usada, entre outros por Molière, em uma de suas passagens de "Les Femmes Savantes" (As Sabichonas): "Nous l'avons, en dormant, Madame, échappé belle" (Enquanto dormíamos, senhora, escapamos de boa). Com parte desse verso molieresco, Machado de Assis abriu na "Ilustração Brasileira" a crônica do dia 15/11/1876, sobre boatos de que o General Osório ia chefiar uma revolução republicana: "Nous l'avons échappé belle! Digo isto em francês porque as revoluções são produtos essencialmente franceses e nós escapamos de uma revolução." Circula, em língua portuguesa, um adágio (provérbio) com a mesma forma elíptica daquela locução: Quem de uma escapa, cem anos vive. Uma, no caso, pode ser tanto uma cilada dos homens como do destino ou da morte, através de acidentes, doenças graves, etc.

Obs.: Sentido antitético (Antítese): é uma das mais conhecidas e usadas figuras de linguagem da língua portuguesa que consiste na exposição de ideias opostas.

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